Peito com lonjura
no eterno escafandro.
À tona, o mar guarda a proa.
Nas fontes,
a vontade da terra
jorra azul.
Vai
como as aves,
zarpar na madrugada
a inocência.
Entre os abismos,
o mar acorda a ferocidade.
Nas veias do sol,
na vibração do vento.
As águas lavram geografias e quimeras.
A liberdade.
é dom do mar.
No fundo, sombras em metamorfose.
Dormem pretéritos.
Entoam bravuras.
Sob o ouro das estrelas
nascem liras e pensamentos
de cidades idas.
Crescem mitos e labirintos,
nas rochas amadurecidas
sem tempo.
Volante das águas,
a lua talha a face do universo.
Na viagem
abre gargantas extáticas,
moldadas nas altas torres frias.
Sob o sol
arde o gelo,
cortado pelo gume do fogo.
Quase aéreo,
o mundo permanece
preso à espinha da raiz.
Mais próxima da alma
ficam as estações.
São como mulheres
pelo lado de dentro,
levam no regaço
o voo
do êxodo.
O mar
cresce de véspera no fundo.
Cresce em vertigem sobre as dunas.
Mas a água rachada
não ofende o leme.
No horizonte
vai nu
o barco.
É dom do mar
a liberdade.
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