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A mostrar mensagens de abril, 2018

Noites são casas onde as mulheres se demoram

Noites são casas onde as mulheres  se demoram.  Há paredes e fustes sitiados de rostos. Silêncios aplainados às portas e janelas que guardam os segredos da carne. Noites são casas que têm mulheres dentro, como escadas que os homens sobem, degrau a degrau. Noites são casas cheias de estrelas áridas, paradas nos olhos das mulheres. Têm luzes rachadas, abertas nas faces tingidas com solidão e amargo pudor.   Casas são femininos nocturnos,  onde entram noctívagos com olhares selváticos em agonizante êxtase. Casas com mulheres que adornam a carne quebrada, o regaço batido e o sono da fadiga.  Noites são  casas vestidas de pele que se cobre de pérolas frias  e de correntes adormecidas no peito. Casas são noites com mulheres que guardam espadas de amores bárbaros que na ilharga penduram países, terras inimigas e cidades longínquas. Noites são casas onde as mulheres se demoram para ouvir o tambor que ecoa no sangue e a ferida que fala com a fome

passo a passo

passos, em passos vão e em vão passam. com os primeiros, o que é longe, a perto chegarão. se lentos, apressam-se. em roda enganam o tempo. inquietada a alma irá em passos perdidos. nas areias, em passos se tropeça. passos, não sepultam pedras. o caminho,  com passos se faz a cada um, um passo jaz. passo a passo,  entre passos, caminha-se na vida. com passos seguros, se vai sem temor ao dia. em passos largos, na noite vem o comprimento do medo, no eco da rua ou entre paredes. do passo atrás, ao  passo em frente, passos sem fim. passo a passo para o passo da liberdade. Zita Viegas