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A mostrar mensagens de dezembro, 2018

É dom do mar a liberdade

Peito com lonjura no eterno escafandro. À tona, o mar guarda a proa. Nas fontes, a vontade da terra jorra azul. Vai como as aves, zarpar na madrugada a inocência. Entre os abismos, o mar acorda a ferocidade. Nas veias do sol, na vibração do vento. As águas lavram geografias e quimeras. A liberdade. é dom do mar. No fundo, sombras em metamorfose. Dormem pretéritos. Entoam bravuras. Sob o ouro das estrelas nascem liras e pensamentos de cidades idas. Crescem mitos e labirintos, nas rochas amadurecidas sem tempo. Volante das águas, a lua talha a face do universo. Na viagem abre gargantas extáticas, moldadas nas altas torres frias. Sob o sol arde o gelo, cortado pelo gume do fogo. Quase aéreo, o mundo permanece preso à espinha da raiz. Mais próxima da alma ficam as estações. São como mulheres pelo lado de dentro, levam no regaço o voo do êxodo. O mar cresce de véspera no fundo. Cresce em vertigem sobre as dunas. Mas a água rachada

a ausência

A janela converte-se em espelho. No tardar de ser, vem a certeza. Por entre o frio do tacto e o olhar quebrado. O céu segue vertendo embriaguez e a árvore reclinada medindo o tempo. Vem contida no sangue, a ausência. Vem, como tarde cega que procura a cadência da papoila entre o trigo. Em lamento, o coração ondeia, efémero e maduro. Conta o tempo. Estima o instante. Como asa que espera o vento. Mas o corpo permanece, sobre os ombros de si próprio. Na sua travessia, compõe a ausência, em afirmação de partida. Zita Viegas Fotografia de Jorge Santos https://plus.google.com/+JorgeSantos-namastibet

o porto

O sabor do gole está na forma do co(r)po. Quando se saboreia uma tempestade, saboreia-se a maresia. No mar, o palato é de terra e a barca vem nos braços. O porto assenta no impacto da chegada. Zita Viegas Ilha de Santa Maria - Fotografia de Rui Jorge Parece Batista