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Mensagens

A mostrar mensagens de 2015
gozo As tuas mãos exalam perfume, segregam desejo. Germina fogo da tua pele. De braços estendidos ao encontro da noite trazes a arte do lume. Fagúlhas altas em forma de suspiro içam os seios intumescidos. No corpo alado lavras a terra molhada pelos poços secretos onde florescem rosas e néctar de romã. No regaço recortado a pétalas e no ventre tingido a mel o hálito cose-se ao bordado do prazer. Imponente embainhas a espada na ferida soltando o grito latejante sem misericórdia. Zita Viegas
Correntes de pérolas Murmúrios de águas vindas da boca do rio passam no horizonte frente ao meu olhar. Num rosário de linhas aquieto os sonhos que segredo em voz alta. Uns escassos dizeres que se soltam do grilhão da lógica para se precipitarem no sentir que se entoa no marulhar da água. No bolinar do marés lanças correntes de pérolas que vêm adornar o alto quente do meu peito. Zita Viegas

lua nova

vagueio no fundo istmo dos olhos claros dos teus poemas tranco no migrante peito canduras no alto véu de esmalte quebrando no lábio desfolhado o breu tangido do quente sagrado do meu pranto. Na lua nova a bússola do teu bailado giza estrelas cheias. Zita Viegas

amor enleva-me

                                                    amor acordados os desejos pinta-me a boca de amor-perfeito. em oração enleva-me a fagulha da intimidade enleva-me ao eco do silêncio da carne ao suspiro trémulo para em cada momento descer à senda que me leva à tua morada: ao gosto de ti. Zita Viegas

sobre a inocência

                                          O beijo de Gustav Klimt A chuva perfuma de trevo a tua face  e da boca nua destila seiva carmesim onde aplaino o meio do silêncio. Nasce ardente o astro com cheiro a terra.  Cheiro do pudor do teu ventre prenhe de linho âmbar plantado na tua inocência. A inocência que se desfaz no cálice do tempo e no sulco do espasmo para entoar no fruto descerrado pelo criptar das veias,  enchendo de mosto o cravo cantante. Procuro enxertar as mãos na tua dança. Na terra do fogo. Nos teus lábios. Nas raízes do suspiro. No ardor da carne  inebriada.  No pedaço extasiado pela delicadeza. Na varanda da tua mocidade debruço beijos, fios de prata, pétalas embebidas de lua . De soluço. De Amor.  Anjo, permaneço ao cimo do caule do teu abraço e vejo leves e sôfregos os teus olhos que fiam esperança. Asas que se abrem do teu peito, rasgando nos meus dedos flores. Mansamente adentrando-me na madrugada em

amor sem avesso

compões versos na floração do antúrio acalentando o desfolhar da orquídea na escarpa do meu grito vergas as asas abotoadas à alvorada  e nos vales desmaiados pela inclinação dos teus punhos,  resvalas nos ângulos da rosa amendoada brindando-a com o teu néctar de flor no torpor do teu amor sem avesso, eu abrigo-me. Zita Viegas