O beijo de Gustav Klimt A chuva perfuma de trevo a tua face e da boca nua destila seiva carmesim onde aplaino o meio do silêncio. Nasce ardente o astro com cheiro a terra. Cheiro do pudor do teu ventre prenhe de linho âmbar plantado na tua inocência. A inocência que se desfaz no cálice do tempo e no sulco do espasmo para entoar no fruto descerrado pelo criptar das veias, enchendo de mosto o cravo cantante. Procuro enxertar as mãos na tua dança. Na terra do fogo. Nos teus lábios. Nas raízes do suspiro. No ardor da carne inebriada. No pedaço extasiado pela delicadeza. Na varanda da tua mocidade debruço beijos, fios de prata, pétalas embebidas de lua . De soluço. De Amor. Anjo, permaneço ao cimo do caule do teu abraço e vejo leves e sôfregos os teus olhos que fiam esperança. Asas que se abrem do teu peito, rasgando nos meus dedos flores. Mansamente adentrando-me na madrugada em