Avançar para o conteúdo principal

Mensagens

A mostrar mensagens de março, 2018

fruto eterno

quero a lira do teu nascente corpo de frutos adornada. Do pêssego o veludo, da romã o sagrado quero a espessa trama da tua carne para em meu carpo t`enamorar e no teu peito içado me abastar em teu primaveril trono, quero teu corpo pomo, teu sulco mel para desfrutar o ouro da tua pele mulher, quero teu ventre adornar com línguas de sol, bagas d`adão em ti raízes de fruto eterno criar Zita Viegas

olho o céu ao encontro dos teus olhos

olho o céu ao encontro dos teus olhos fundo vou para a alcançar a boca    convoco  pássaros e manhãs   descubro a flor do silêncio da mulher na altura do meu colo vem a língua de lume que acende teus focos celestes são lugares de vontade  onde, como criança me demoro estrelas como nenúfares em água nocturna cai – só na tua boca tenho sede na tua boca encontro o firmamento nos olhos amo o mistério de seres mulher Zita Viegas

palavra eterna

em meu redor, a memória paredes meias com sonhos e abismos   com a parte de dentro aberta ao instinto                                 destino cego anónimo encontro com a madrugada  saída da noite   não basta respirar o crivo da hora a hora tombado no olhar                                  cavo, é o arco da boca sem outro calar nos braços naufraga, chama o dia e não o lugar chama a verdade herança da alma                             em cadência vem o tempo e prende-me ao chão devagar, como sombra de árvore vejo avançar na silente terra o recado da palavra eterna Zita Viegas

elogio

elogio do ser ser, sou maçã não bípede por evolução  do Ser num mundo de representação não reconhece besta ser  elogio da sede meia lágrima  oceano em febre néctar de mulher ilha de libido   frente ao altar   a fiel água enche o mar    elogio do silêncio papagaios de papel  rasgam caminhos nos céus sem deuses  aprendizes os olhos vagueiam em voos de sós matizes elogia da sabedoria ensina  a árvore a crescer e o momento nasce na cor de sopro corre o tempo  a vida é outonal flor que na sua brev(e)idade decepa a oferta da maturidade Zita Viegas