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palavra eterna






em meu redor, a memória
paredes meias
com sonhos e abismos  
com a parte de dentro
aberta ao instinto

                               destino cego

anónimo encontrocom a madrugada saída da noite 
não basta respirar
o crivo da hora a hora
tombado no olhar

                                cavo, é o arco da boca

sem outro calar
nos braços naufraga,
chama o dia e não o lugar
chama a verdade
herança da alma

                            em cadência

vem o tempo
e prende-me ao chão
devagar, como sombra de árvore
vejo avançar
na silente terra
o recado da palavra eterna


Zita Viegas

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elogio

elogio do ser ser, sou maçã não bípede por evolução  do Ser num mundo de representação não reconhece besta ser  elogio da sede meia lágrima  oceano em febre néctar de mulher ilha de libido   frente ao altar   a fiel água enche o mar    elogio do silêncio papagaios de papel  rasgam caminhos nos céus sem deuses  aprendizes os olhos vagueiam em voos de sós matizes elogia da sabedoria ensina  a árvore a crescer e o momento nasce na cor de sopro corre o tempo  a vida é outonal flor que na sua brev(e)idade decepa a oferta da maturidade Zita Viegas

É dom do mar a liberdade

Peito com lonjura no eterno escafandro. À tona, o mar guarda a proa. Nas fontes, a vontade da terra jorra azul. Vai como as aves, zarpar na madrugada a inocência. Entre os abismos, o mar acorda a ferocidade. Nas veias do sol, na vibração do vento. As águas lavram geografias e quimeras. A liberdade. é dom do mar. No fundo, sombras em metamorfose. Dormem pretéritos. Entoam bravuras. Sob o ouro das estrelas nascem liras e pensamentos de cidades idas. Crescem mitos e labirintos, nas rochas amadurecidas sem tempo. Volante das águas, a lua talha a face do universo. Na viagem abre gargantas extáticas, moldadas nas altas torres frias. Sob o sol arde o gelo, cortado pelo gume do fogo. Quase aéreo, o mundo permanece preso à espinha da raiz. Mais próxima da alma ficam as estações. São como mulheres pelo lado de dentro, levam no regaço o voo do êxodo. O mar cresce de véspera no fundo. Cresce em vertigem sobre as dunas. Mas a água rachada