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Correntes de pérolas






















Murmúrios de águas vindas da boca do rio

passam no horizonte frente ao meu olhar.

Num rosário de linhas aquieto os sonhos que segredo em voz alta.

Uns escassos dizeres que se soltam do grilhão da lógica para

se precipitarem no sentir que se entoa no marulhar da água.

No bolinar do marés lanças correntes de pérolas que vêm

adornar o alto quente do meu peito.


Zita Viegas




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Gosto do mar quando está à conversa. Cicia à espuma. Sobre a areia nua. Sinto a vontade de ter uma lágrima. A pulsar como a semente. Sem palavra. Sem escuta. Gosto do mar quando está à conversa. Põe-me num sono bolino. Como no embalo junto ao peito. Gosto do mar quando está à conversa. Encontro-me com o ontem, como saísse da minha mãe. Gosto do mar quando está à conversa. Exalta-me como som de violino.

passo a passo

passos, em passos vão e em vão passam. com os primeiros, o que é longe, a perto chegarão. se lentos, apressam-se. em roda enganam o tempo. inquietada a alma irá em passos perdidos. nas areias, em passos se tropeça. passos, não sepultam pedras. o caminho,  com passos se faz a cada um, um passo jaz. passo a passo,  entre passos, caminha-se na vida. com passos seguros, se vai sem temor ao dia. em passos largos, na noite vem o comprimento do medo, no eco da rua ou entre paredes. do passo atrás, ao  passo em frente, passos sem fim. passo a passo para o passo da liberdade. Zita Viegas

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