
Noites são casas onde as mulheres se demoram.
Há paredes e fustes sitiados de rostos. Silêncios aplainados às portas
Há paredes e fustes sitiados de rostos. Silêncios aplainados às portas
e janelas que guardam os segredos da carne.
Noites são casas que têm mulheres dentro, como escadas que os homens sobem, degrau a degrau.
Noites são casas cheias de estrelas áridas,
paradas nos olhos das mulheres. Têm luzes rachadas,
abertas nas faces tingidas com solidão e amargo pudor.
Casas são femininos nocturnos, onde entram noctívagos
com olhares selváticos em agonizante êxtase.
Casas com mulheres que adornam a carne quebrada, o regaço batido e o sono da fadiga.
Noites são casas vestidas de pele que se cobre de pérolas frias
e de correntes adormecidas no peito.
Noites são casas vestidas de pele que se cobre de pérolas frias
e de correntes adormecidas no peito.
Casas são noites com mulheres que guardam espadas de amores bárbaros
que na ilharga penduram países, terras inimigas e cidades longínquas.
Noites são casas onde as mulheres se demoram para ouvir o tambor que ecoa no sangue e a ferida que fala com a fome da cura.
Noites são casas onde as mulheres se demoram como espelhos contra o tempo da carne.
Zita Viegas
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