Pormenor do tríptico de "O Jardim das Delícias Terrenas" de Hieronymus Bosch
O olhar gigante traz luxúria
na ondulação da mão
e fecunda com sangue o verbo
que fermenta o pecado.
As mãos em criação
pintam brancos corpos
homens a cavalo, orgias
banhos de Vénus
anémonas e flora pubescentes.
A criação terrena em festim
extasia os corpos híbridos
amantes nus e seres virginais
em etérea copula animal.
A cada desinibido deleite
a cor vermelha do erótico,
entre paraíso e apoteose
a exaltação da gaita de fole
e as mãos em vício d`onã.
Os frutos das entranhas
das siderais criaturas
nutrem o jardim das delicias
em acrobacia carnal.
Com lascivas metáforas
Jerónimo pinta no girassol
o voltear do mundo
e a inocência do jardim
que gravita no pecado original.
Zita Viegas
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