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Rio

Corre em ti. Uma mulher. Com mistério. Rio. Ao tocar o mar. A funda terra. Rio, por vezes, por um fio. Rio doce. Rio em lentas águas. Ou aluvião. Rio, quando chegas. À clandestina estação. Rio, sempre. Quando agitas as manhãs. Rio com a fé da nascente. Rio ao vento. Ao canto, adentro. Rio de flores. Na jarra do ensejo. Papoila! Rio em ressurreição. Nas colinas, em ti. Rio. Com a chegada aos lagos. Olhos verdes. Rio, na foz, devagar. Com a chegada à tua margem. Zita Viegas

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elogio

elogio do ser ser, sou maçã não bípede por evolução  do Ser num mundo de representação não reconhece besta ser  elogio da sede meia lágrima  oceano em febre néctar de mulher ilha de libido   frente ao altar   a fiel água enche o mar    elogio do silêncio papagaios de papel  rasgam caminhos nos céus sem deuses  aprendizes os olhos vagueiam em voos de sós matizes elogia da sabedoria ensina  a árvore a crescer e o momento nasce na cor de sopro corre o tempo  a vida é outonal flor que na sua brev(e)idade decepa a oferta da maturidade Zita Viegas

É dom do mar a liberdade

Peito com lonjura no eterno escafandro. À tona, o mar guarda a proa. Nas fontes, a vontade da terra jorra azul. Vai como as aves, zarpar na madrugada a inocência. Entre os abismos, o mar acorda a ferocidade. Nas veias do sol, na vibração do vento. As águas lavram geografias e quimeras. A liberdade. é dom do mar. No fundo, sombras em metamorfose. Dormem pretéritos. Entoam bravuras. Sob o ouro das estrelas nascem liras e pensamentos de cidades idas. Crescem mitos e labirintos, nas rochas amadurecidas sem tempo. Volante das águas, a lua talha a face do universo. Na viagem abre gargantas extáticas, moldadas nas altas torres frias. Sob o sol arde o gelo, cortado pelo gume do fogo. Quase aéreo, o mundo permanece preso à espinha da raiz. Mais próxima da alma ficam as estações. São como mulheres pelo lado de dentro, levam no regaço o voo do êxodo. O mar cresce de véspera no fundo. Cresce em vertigem sobre as dunas. Mas a água rachada