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poeta, o que é a vida?











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amargo dulçor, verdade
em grãos de desejo
numa sensualidade de música 
vida entre pêndulo.
prazer e plano em celeridade
em começo e recomeço.
é de lágrimas a paisagem:
chora o homem  
as fissuras do tempo
na proteína sofrida 
pergunto-me e pergunto-te
o que é a vida?
adio a resposta, pois só tu poeta
sabes das lembranças do futuro
e as linhas que o criam.
passantes e passageiros
buscamos os remos 
em rito, mistério e memória
debruçados no destino
ao longo da sua convocatória
em infinitas águas lançado.
o corpo é âncora
com medo de morrer
numa vontade de ser eterno.
sem pasmo, em busca, corrida
uma respiração entre outra
da experiência nascida do amor
a única prova de vida
é o que conduz à morte,
num caminho de epifania.
experiência primitiva de ser
numa criação permanente do novo
relação erótica,
de vida e morte
poetao que é a vida?

Zita Viegas



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Gosto do mar quando está à conversa

Gosto do mar quando está à conversa. Cicia à espuma. Sobre a areia nua. Sinto a vontade de ter uma lágrima. A pulsar como a semente. Sem palavra. Sem escuta. Gosto do mar quando está à conversa. Põe-me num sono bolino. Como no embalo junto ao peito. Gosto do mar quando está à conversa. Encontro-me com o ontem, como saísse da minha mãe. Gosto do mar quando está à conversa. Exalta-me como som de violino.

passo a passo

passos, em passos vão e em vão passam. com os primeiros, o que é longe, a perto chegarão. se lentos, apressam-se. em roda enganam o tempo. inquietada a alma irá em passos perdidos. nas areias, em passos se tropeça. passos, não sepultam pedras. o caminho,  com passos se faz a cada um, um passo jaz. passo a passo,  entre passos, caminha-se na vida. com passos seguros, se vai sem temor ao dia. em passos largos, na noite vem o comprimento do medo, no eco da rua ou entre paredes. do passo atrás, ao  passo em frente, passos sem fim. passo a passo para o passo da liberdade. Zita Viegas

no fundo dos olhos

Do levante, no azul profundo chegas nas marés para me ofereceres o teu sonho. Chegas na corrida do vento e deixas o sibilo nas bocas com vontade de serem amadas. Em mistério, abres fundo as margens e anuncias nos teus olhos as palavras que nos unem. Como a poesia une os sentidos, eu uno-te dentro de mim. Ofereces-me a barca, eu tomo-a. Entro no rumo da onda e no instante em que soltas o olhar fundo-me em ti sem demora. No momento mais azul, os teus olhos acordam o mar. Na imensidão, nascem duas aves que se unem numa só e no fundo dos olhos sonham. Zita Viegas